quarta-feira, 6 de maio de 2009

Para que tu me ouças...


Para que tu me ouças
as minhas palavras
adelgaçam-se por vezes
como o rasto das gaivotas sobre as praias.

Colar, guizo ébrio
para as tuas mãos suaves como as uvas.

E vejo-as tão longe, as minhas palavras.

Mais que minhas são tuas.
Vão trepando pela minha velha dor como a hera.

(...)

Antes de ti povoaram a solidão que ocupas,
e estão habituadas mais que tu à minha tristeza.

Agora quero que digam o que eu quero dizer-te
para que tu ouças como quero que me ouças.

O vento da angústia ainda costuma arrastá-las.
Furacões de sonhos ainda por vezes as derrubam.
Tu escutas outras vozes na minha voz dorida.
Pranto de velhas bocas, sangue de velhas súplicas.
Ama-me. Não me abandones. Segue-me.
Segue-me, nessa onda de angústia.

Mas vão-se tingindo com o teu amor as minhas palavras.
Ocupas tudo, pai, ocupas tudo.

Vou fazendo de todas um colar infinito
para as tuas brancas mãos, suaves como uvas.

Miguel Veiga
Os poemas da minha vida
(Pequenas adaptações feitas por mim)

2 comentários:

  1. para qque me ouças... basta olhar para dentro de ti

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  2. Porque ele vai estar lá sempre a olhar por ti, a guiar-te, a zelar por ti!

    Como eu digo "Deus estava a precisar de novos professores para os anjos!"

    É duro perder pessoas qe nos acompanharam a vida toda :'(

    mas um dia vamoz tambem e alguem vai ficar a chorar por nós, é o ciclo da vida!

    A Terra é uma passagem!

    Beijinhu mia qerida <3

    FernandezZ*

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